21 de abr. de 2015

X + Y

 O escritor tem um lado espiritual. Seja ele enrustido em meio as palavras ordinárias, ou pleno sobre os temas mais ásperos. Ou ainda pelo lado desnudo, com as letras que se referem a qualquer fé, religião ou crença, bem estabelecidas, sem mais preocupação.

"
 - Sabe aquele personagem do outro texto: é você. Sim, o mesmo que não gosta do próprio espelho. Mas fique tranquilo, pois outros o admiram.

- Por que o senhor fala assim? Seria um reflexo sobre aquilo que debatíamos?

[Lê-se a cena num grande casarão familiar, durante uma conversa em dia de feriado] 

- Porque as coisas são ditas pra quem interessa saber. Os gostos e pontos de vista, começam e terminam. Se essa vontade esbarra no desejo de alcançar novos conhecimentos, não vai dar para entender nada e a vingança detona a autoética. Opinar apenas por uma opinião, muito das vezes, reflete contra si. O mesmo do que almejar o verde que não florece em teu jardim.

- Todo mundo quer ter opinião, é verdade. É um direito do cidadão a liberdade de ir e vir, de expressão de ter o quê comer. Não sei para que tanta preocupação com a opinião dos outros, afinal o senhor também tem a sua.

[ambos personagens em pé -  a cena admite um pai e filho]

- Percebo que a sua voz está ativa, continue assim. Mas lembre dos percalços, não apenas a velhice cabe na desconjuntura. Você precisa conhecer bem as suas opiniões. Dois não se entendem, imagine um monte de gente?

- Se a opinião não me interessa, eu simplesmente ignoro.  

- Você mal sabe que os acontecimentos tornam a repertir, dia após dia... "

A variável que eu estudei em matemática foi X, demora a digerir;
Y parece carne branca, rapidamente dá fome.
X tem algo a dizer. Y tem uma opinião.
Logo, qual o futuro da comunicação contemporânea?


Rubens Barizon
Abrindo Abril. Abraço abrupto. Abroquelar.