27 de jun. de 2020

Quimera

Final da manhã de um dia de semana. Nada especial se não fosse o raro encontro.

O tempo era contado para ambos e sem pensar muito foram parar numa cafeteira. O café como sempre é a melhor escolha. Mesmo rodeados de incertezas e do motivo de estarem ali, os dois desapegaram das suas responsabilidades e do que poderia estar errado e entregaram cada um a sua parcela de afetividade. Os detalhes da troca foram de acordo com a expectativa. Nada poderia ser diferente naquele momento. Olhos fechados, palavras pontuais, rostos colados num vai e vem lento, que permitia sentir o perfume natural escondido no cangote, a pele macia. Sem que os lábios se tocassem despediram-se sem saber quando haveria outra oportunidade de provar o real. A poesia continuou...

Depois de anos, uma agenda de promessas. Entre elas dançar uma canção que realça a importância de alimentar o que parece fantasia. Mas não parece, é. Ao invés de viverem a prisão dos limites impostos pela condição que vivem, desejam. 

A sensibilidade dos versos bastaria, se o instinto parasse de pedir mais.

Rubens Barizon
[Conto de Fantasia e Desejo]