17 de mar. de 2015

Superfluidade, uma dose de mentira para curar

A verdade soa como equilíbrio ético nas relações humanas. A palavra que tantos vocalizam, tem a sua caça em diversas circunstâncias da vida.

O que seria a verdade então, se eu assisto a um certo caso e em seguida, conto a minha versão para você? A bendita palavra tem uma comissão no parlamento, com juízes para julgá-la; serve (ou pelo menos deveria) de fundamento para o jornalismo e sustenta inúmeros vínculos sociais entre as pessoas, que querem porque querem saber da verdade. Nós reproduzimos a verdade de modo a utilizar o nosso 'ponto de vista', termo bastante utilizado neste boom da liberdade de expressão na rede social.

A realidade cada vez mais se aproxima das opiniões próprias, de modo a ampliar o pensamento lógico que atém o homem ao interesse mágico da verdade, com tabela e códigos que desmascaram a falácia como uma aberração a ser combatida. A filosofia pondera as formas de se chegar no mesmo lugar, com variadas possibilidades de verdade e flexibilização das contradições, o que derruba as barreiras de limite do pensamento crítico, sem  absolutismo. Decida a sua maneira de interpretação e permita-se tolerar a conclusão óbvia, que o fulano cisma em tratar como verdadeira.

Ficção, narrativa, opinião, lógica, história, subjetividade, produção, realidade, informação, propriedade, reproduzindo...

Acredite no que quiser, a verdade não depende de você.

Rubens Barizon



12 de mar. de 2015

Epopeia Poética


Quando um tempo da vida foi perdido.
Nao sobra um
amigo dessa entrega.

Perdas, exagero e problemas.
No mais,
dificuldades da vida desse homem.
Sozinho mesmo.

Não estava pronto ainda.
Desculpa... conscientização da necessidade,
vulnerável.

Os amigos para me abraçar?
de verdade, só os que estavam ocupados.
No então,
os doidos de bem.

Idas e vindas de um prazer oculto,
à rigor. No fim,
Torpor.

Poucos continuam.
Vi um caos de perto.
A bagunça,
o gosto pelo excesso.

O trânsito da prosa.
Com a narrativa própria,
da poesia sem volta.

Interpretar
faz-se uma ação,
quando neste adianto,
o debate franco, some em emoção.


Rubens Barizon
''As letras seguem fazendo sentido¡! ''

3 de mar. de 2015

Roteiro da vida padrão. Sucesso garantido LTDA

Um dos questionamentos que encasquetam minha reflexão sobre a sociedade é o padrão comportamental alienatório que se transforma em cultura.

Diante a todas as possibilidades na era da informação, parece que a originalidade, criatividade e naturalidade, são características cada vez mais suprimidas pelo conceito de aceitação ao esteriótipo da imagem, que impulsiona o meio ditador com moldes e costumes superficiais.
Vivemos no mundo onde a ideia de que tudo é possível se especula em diversos formatos, planejados para estimular nossa expectativa de sucesso. Porém, como nem tudo é como aparenta, muito bom estar atento a cartilha do 'politicamente correto', que deve ser seguida conforme o padrão exigido. Bem do jeito: seja excêntrico! MAS, procure tempo para cair no gosto de quem faz valer a sua necessidade. Senão, engula à seco, diariamente, toda lucidez do convívio social e mercadológico. Já que é assim e não há para onde fugir, faça essa mistura e arredonde para a média cravada, sem risco de variação - Não vá sair do padrão, viu?

Numa entrevista da Martha Medeiros (jornalista, escritora) para o programa da Marília Gabriela, na GNT, a colunista confessou sentir falta de pessoas diferentes e ainda disse enxergar que a maioria das pessoas são semelhantes e as relações entre elas, repetidas. Foi de um conforto sem dimensão, saber que essa percepção está sendo compartilhada - ufa! O problema é que ela também admitiu ser uma representante da sociedade 'integrada' e que gostaria de ser mais alternativa. Com esperança, prefiro crer que isso tem a ver com a necessidade que aprisiona.

A resignação a este contexto, que eu vou chamar de 'loucura bem trajada', talvez seja mais complexa do que acreditar no potencial singular de cada pessoa. Em vias por onde o mínimo detalhe distorce a realidade e o transforma em sensacionalismo, prefiro fantasiar-me de eu mesmo, apostando no futuro do indicativo da boa fé.

Rubens Barizon
*Crônica do cotidiano*