23 de abr. de 2014

Cálculo do X

Se é possível, está sujeito a acontecer. A condição moderna da vida contemporânea carrega consigo uma imensidão de variáveis capazes de modificar o rumo de um plano. São muitos os caminhos que chegam no mesmo lugar, só que um tanto deles são apenas ilusão, que nos conduzem até realizarmos que estamos parados.

A possibilidade circunda nossas opções. Se estamos 'certo', parece mesmo que demos um passo adiante. Sobretudo, quando a opinião pública decide como sucesso essa escolha. No entanto, se a impressão tida for a de vários sucessos consecutivos e ao olhar pessoal, ainda estiveres mergulhado no fracasso, é porque alguma parte da reta se rompeu e você caiu bem por aquela pequena fresta, que parecia minúscula às suas atitudes assertivas e opiniões populares.

O medo de errar, por si só é de um campo expansivo imensurável e eclode cada vez mais em uma multiplicidade de forma e direção. A concordância de uma outra pessoa, com uma análise feita sobre o solicitado, de pronto faz-se discordar da planificação previamente esperada pelo autor. Quase ninguém é capaz de falar o que realmente vê sobre o que se está fazendo. Se existir um laço de cumplicidade com o agente de opinião, aí mesmo que a conveniência dispara a superestima, reconfigurando a identidade real da atitude em sua essência moral.

O medo foi o sentimento que me motivou a escrever este texto. Ter coragem de perguntar sobre uma feitoria em produção é algo que enfraquece a vontade de construir algo original. Mas, o meu medo ultrapassa o autolançamento em território desconhecido e parece encruar as convicções simplórias do padrão exigido pela gordura social.

Rubens Barizon
(Rio de Janeiro nublado é dia para escrever)

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